CÂMERAS SÓ PERMITEM ACESSO AO ESCRITÓRIO DE EMPREGADOS QUE SORRIEM

Rodrigo Trindade

A empresa de tecnologia Canon colocou câmeras em seus escritórios chineses, para reconhecimento facial dos funcionários. Até aí, já não é mais nada de muito novo. Mas inovou na regulagem do programa, e com objetivo de resolver problemas emocionais do quadro. O acesso a partir de software de reconhecimento facial foi calibrado para apenas autorizar empregados que sorriem para a câmera. A averiguação não é feita apenas no início e término de jornada, como os tradicionais registros de ponto eletrônico. A exigência de construção artificial da felicidade se estende a outros momentos do dia, fazendo com que acesso a salas e início de reuniões apenas ocorram se o funcionário convencer o programa que está 100% feliz.

Essa crônica da infelicidade corporativa foi contada em reportagem recente do Financial Times. O software de reconhecimento do sorriso junta-se a outras práticas de AI que se tornam comuns na China. É cada vez mais frequente o monitoramento de produtividade a partir da contagem de toques de teclado, com análise automatizada de circuito interno de TV para controle de pausas, e até apps que indicam atividade fora do escritório.

Esse talvez seja o exemplo definitivo da distopia tecnológica das inteligências artificiais, cada vez mais associada à vontade corporativa de construir aparências de bom ambiente laboral. Custe o que custar.

Nota: A imagem desse artigo foi criada no programa de IA Bing, da Microsoft, a partir do prompt “Fotojornalismo. Ambiente coorporativo chinês. Programa de informática de reconhecimento facial de empregado com sorriso no rosto.” Recomendo.

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