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TRABALHADORES DA DURALEX TRANSFORMAM A EMPRESA EM COOPERATIVA PARA EVITAR FECHAMENTO

Os famosos pratos e xícaras da Duralex, agora, são produzidos por cooperados. Por decisão judicial, os trabalhadores franceses da famosa indústria de vidros tomaram o controle do grupo e converteram a empresa em uma sociedade cooperativa. Os sócios-trabalhadores confiam que a conversão encerrará as constantes trocas de proprietários, problemas econômicos e ameaças de fechamento

Rodrigo Trindade

No Brasil, a marca Duralex é usualmente associada a produtos simples, acessíveis e, principalmente, muito resistentes. Em razão dos pratos, xícaras e pires da marca serem quase universalmente encontrados em cozinhas de todo o país, poucos sabem que ela é uma empresa multinacional e com sede na França.

A Duralex é uma empresa francesa, mas que mantém negócios e produção em diversos países. Nos últimos anos, o grupo vem enfrentando uma constância de altos e baixos, com situações complicadas de insolvência e necessidade de reduzir a produção. Sua planta situada em Chapelle-Saint-Mesmin chegou a ficar fechada entre novembro de 2022 e abril de 2023. Nesse período, os empregados tiveram salários cortados e a empresa precisou receber empréstimo de E$ 15 milhões para poder reabrir.

O caminho encontrado foi a conversão em uma sociedade cooperativa, com administração a cargo de seus 226 empregados que, agora, também são seus acionistas.

A solução começou a ser construída quando, em abril, foi aberto procedimento de recuperação junto ao Tribunal de Comércio de Orleans, com objetivo de encontrar um comprador que solucionasse os problemas financeiros da empresa. A Corte pronunciou-se em 26 de julho a favor de converter a Duralex em uma cooperativa a cargo dos trabalhadores. Segundo o Le Monde, se reconheceu um projeto comercial e de marketing coerente e sério, com fortes garantias e que parece capaz de manter a atividade dos empregados com condições viáveis.

Com a decisão, o tribunal rejeitou outras duas propostas apresentadas por empresas, que previam manter apenas parte da planta e não todos os postos de trabalho. Uma das propostas pretendia suprimir cerca de 50 empregos, enquanto a outra, cerca de uma centena.

O plano da cooperativa

A oferta apresentada pelos empregados da Duralex foi de manter todos os postos de trabalho, a partir da conversão em uma cooperativa, pertencente aos trabalhadores. A proposta da auto-organização contou com o apoio de 60% dos empregados. Também determina que cada sócio representa um voto durante as assembleias gerais, seja qual for o montante de capital adquirido.

As autoridades locais ajudaram no plano, comprando o terreno em que se situa a fábrica, enquanto o Executivo Regional entrou com a necessária garantia bancária. O governo da região de Centre-Val de Loire um empréstimo de E$ 1 milhão e contribuiu com a recapitalização do grupo. Já o Ayuntamiento de Orleáns adiquiriu por cerca de E$ 5 milhões os terrenos da planta.

Nossa Revisão

A auto-organização dos trabalhadores em grandes empreendimentos, faz parte de um antigo ideário e que, até hoje, tem poucos casos registrados. No entanto, as cooperativas tendem a durar mais tempo que as empresas convencionais, além de manter maior constância no quadro de trabalhadores.

A experiência da Duralex aparece em um novo contexto para a Europa, a desindustrialização. Grande parte dos produtores locais vem enfrentando a necessidade de fechamento das plantas produtivas, muitas vezes as levando para a Ásia ou países do leste europeu. Também demonstra a importância de atuação ativa do Estado, atuando na formação de garantias e estruturação financeira inicial.

Ainda há muitas dúvidas sobre a viabilidade de seguimento da Duralex, mas já é possível reconhecer que outras formas de organização são possíveis. Especialmente para marca globalmente conhecida por sua acessibilidade e, principalmente, resistência.

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