HOMEM É TORTURADO EM SUPERMERCADO, APÓS SUSPEITA DE FURTO

Rodrigo Trindade

Raimundo Nonato dos Santos Paulo Júnior, um homem negro de 35 anos, havia adquirido dois quilos de frango, em supermercado de Santa Inês-MA. Eram oito horas de domingo (26), e, após pagar pela compra, saía com a sacola e portava a nota fiscal de sua compra. Quando foi abordado por seguranças do estabelecimento. 
Foi, então, conduzido por uma escada até o setor de gerência do supermercado. Lá, foi fotografado e levado ao almoxarifado, nos fundos da loja. Segundo o relato prestado na delegacia da cidade, o homem, que é ajudante de pedreiro, foi algemado e amarrado com um pedaço de fio metálico a uma barra de ferro por ao menos quatro horas. Nesse período, ele foi ameaçado por seguranças, inclusive com arma de fogo, para que para que confessasse suposto furto.
Após a libertação e registro de ocorrência policial, A Polícia Civil do Maranhão prendeu na segunda-feira (27) quatro pessoas que prestam serviço ao grupo supermercadista Mateus. As acusações são de ameaça, tortura e cárcere privado. 
A empresa é uma das maiores redes varejista de alimentos do Brasil, com mais de 50 estabelecimentos nos estados do Pará, Maranhão e Piauí. O dono, Ilson Mateus, é considerado um dos homens mais ricos do Brasil, segundo a Forbes, com fortuna estimada em R$ 20 bilhões.
Segundo as imagens colhidas pela polícia, é possível que o denunciante tivesse nas sacolas outros produtos, além do frango comprado. Todavia, há necessidade de continuidade na investigação, esclareceu o delegado responsável. 
O  Grupo Mateus afirmou que houve um grande furto de alimentos no supermercado e que o cliente foi mantido preso até que familiares chegassem para pagar os produtos a mais. O pai de Raimundo Nonato afirma que foi ao estabelecimento para procurar o filho e não foi demandado a pagar por mercadorias. 
 Em relação à justificativa do Grupo Mateus, a polícia afirmou que não há prerrogativa legal para manter uma pessoa presa até que possa pagar por produtos furtados e que o correto seria a empresa chamar a polícia para conduzir o suspeito à delegacia.


NOSSSA REVISÃO 

Já são tão recorrentes as agressões em Supermercados que não ganham destaques na mídia. Com atos espalhados pelo país e em diferentes bandeiras varejistas, há uma constante de personagens: homens negros e seguranças terceirizados. 
Mas há dois fatores igualmente recorrentes que precisam ficar demarcados, se for séria a vontade de superação. 
De um lado, o persistente racismo estrutural brasileiro, demarcador da organização do trabalho, e que determina papéis e condutas a partir da condição social própria da cor de pele. 
De outro, a farra da terceirização. Com normativa escancarada e estimuladora da irresponsabilidade, permite amplos repasses de setores inteiros, organizados com trabalhadores despreparados, mal pagos e desvinculados da cultura da empresa cliente. Dá nisso.

Com informações de UOL e IMIRANTE

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