AMAZON OFERECE CABINE DE RELAXAMENTO PARA FUNCIONÁRIOS ESTRESSADOS

Rodrigo Trindade

No que parece esquete de enredo distópico, a Amazon, um dos mais importantes conglomerados de tecnologia do planeta, iniciou planos de prover “cabines de relaxamento” para seus empregados. A empresa apresentou a ideia em vídeo postado em sua conta de rede social, mas foi rapidamente retirado, após uma onda de ridicularizações.

Usuários das redes sociais apelidaram a máquina com expressões como “caixão zen”, “espaços para chorar” e “quartos do desespero”. A Amazon explica que a cabine é dotada de ventilador, plantas, folhetos e cartazes de relaxamento e nutrição. Também existe um computador com lista de reprodução de vídeos de relaxamento e meditação.

As críticas que levaram a Amazon a retirar do ar o vídeo de apresentação partiram do histórico de más condições de trabalho da empresa. Passam pela acusação de práticas monopolísticas, exigência de longas jornadas e resistência à atuação de sindicatos. Em 2020, a empresa enfrentou greves na Itália e Alemanha, bem como protestos em armazéns nos EUA, França e Espanha.

Nossa revisão

A cabine proposta serve, essencialmente, para demonstrar equívocos de caminhos e os severos problemas advindos da falta de atuação pública no provimento de condições civilizadas de trabalho. Angústias, depressão e assédio não se resolvem com minutos na companhia de samambaias, vídeos de cachoeira e trilha sonora da Enya.

O avanço da 4ª Revolução Industrial e o ambiente da pandemia alavancaram tremendamente os setores de tecnologia e e-commerce. Por seus méritos, a Amazon vem sendo uma das empresas globalizadas mais beneficiadas, com notável avanço de lucratividade. Por consequência, enquanto diversos setores experimentam redução de atividades, desemprego e ociosidade na capacidade produtiva, os empregados das empresas do setor vivem um crescente de hiperexploração.

As opções de acomodação do excesso de demanda, equalização de emprego e preservação das condições de trabalho civilizadas deveriam passar pela acomodação do contingente de trabalhadores nesses empreendimentos. Mas para looping do aumento de lucratividade, o caminho tomado vem sendo o de permanente enxugamento de trabalhadores. A incrível capacidade criativa e de empreendimento poderia ser direcionada para práticas mais saudáveis e com visão mais responsável da função empresarial. Para isso se vive em comunidade.