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Quanto de trabalho infantil tem o seu chocolate de Páscoa? Tabela das grandes marcas

Rodrigo Trindade

Esse é o tipo de pergunta da qual não se deve fugir, especialmente em data tão simbólica como a Páscoa. Afinal, é possível dizer se o chocolate de sua cestinha tem alguma garantia de trabalho decente?

Hoje, cerca de 70% do chocolate produzido no planeta vem recheado com trabalho infantil e condições degradantes. As mais antigas e seguras averiguações vêm da África Ocidental, origem da maior parte do cacau do planeta e abastecedora de gigantes, como Nestlé, Hershey e Lindt.

Apenas Costa do Marfim e Gana produzem cerca de 60% de todo o suprimento mundial, a partir de pequenas plantações. A extrema pobreza costuma levar à exploração do trabalho de cerca de 2,1 milhões de crianças, apenas nesses países. As multinacionais compradoras têm tentado impor padrões de dignidade de trabalho, mas o progresso é bastante lento.

crédito: Green America

Para dar mais informações aos consumidores, a ONG americana Green America publicou o placar do chocolate, indicando, entre as maiores empresas produtoras índices de sustentabilidade. Há diversos selos integrados às embalagens e para o campo do trabalho há dois, o Fairtrade e o Fair Trade Certified. Ambos garantem itens como ausência de trabalho forçado e trabalho forçado e infantil, além de garantir que houve pagamento do preço mínimo nas matérias primas. O primeiro é indicativo de todos os ingredientes do chocolate e o segundo apenas do cacau.

E no Brasil?

Nosso país é o sétimo maior produtor mundial de cacau e o segundo da América Latina. O cultivo ocorre em oito estados, e apenas o Pará é responsável por quase metade da safra nacional.

No documento de 2018 encomendado pela Organização Internacional do Trabalho – OIT, chamado “A Cadeia Produtiva do Cacau”, há conclusão de que no Brasil a prática de trabalho infantil e escravo também é recorrente na base produtiva brasileira. Premidas pelos baixos preços oferecidos pelos atravessadores, as famílias usam o trabalho dos filhos nas etapas de colheita e primeiro beneficiamento do cacau (fermentação), feito já nas pequenas propriedade.

Além do baixo índice de monitoramento efetuado pelas indústrias compradoras, o sucateamento dos órgãos federais de fiscalização contribuem para o abandono das famílias e perpetuação da cadeia de pobreza e exploração predatória do trabalho.

Nem empresas produtoras de alimentos nem consumidores podem afirmar desconhecimento de graves violações de direitos fundamentais na cadeia produtiva do cacau. Na Europa e Estados Unidos, a reação de consumidores vem sendo determinante para a exigência de certificações. É bom exemplo a ser seguido nesta Páscoa.

2 thoughts on “Quanto de trabalho infantil tem o seu chocolate de Páscoa? Tabela das grandes marcas

  • José Rivaldo de araujo Martins

    excelente conteudo sou estudante de direito este tema me comoveu o que está por tras de um simples produto que compramos direto, precisamos repensar nossas tradições e conceitos. obrigado pelo conteudo.

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  • Edson Katzwinkel

    Temos aqui infelizmente um dura realidade,que é fruto do sistema capitalista onde não se analisa a situação da mão de obra explorada e escrava e miserável onde se tira as crianças do convívio familiar as quais podiam estar sendo formadas e orientadas a estudar em primeiro lugar sua formação de direito como seres humanos a ter um lugar em escolas públicas boas e de qualidade e na sequência universidades públicas formadoras de cidadãos,com experiência.Seus Pais são por vezes os que colocam essas crianças em um trabalho escravo,para ajudar no sustento de suas vidas,fazendo assim sem consciência em primeiro lugar que seus filhos tem que por primeiro serem formados a sua base fundamental no ensino e aí sim,um trabalho digno.Mas infelizmente o sistema está acima de qualquer interesse que venha a ser prioritário na valorização do ser humano,isso,isso é o lucro que fala mais alto,quanto ao ser humano não se tem amor, não se olha a natureza humana como ser digno de uma vida justa.

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