Aproveitando o domingo?

Rodrigo Trindade

Hoje é o primeiro domingo de vigência da nova portaria do governo federal ampliadora de atividades que funcionem em domingos e possam contar com empregados. Comércio e diversas ocupações ininterruptas já eram genericamente autorizadas, outras atividades podiam assim estabelecer a partir de normas coletivas. O normativo imposto afeta principalmente trabalhadores de indústrias e categorias sem força para realizar acordo coletivo para regrar hipóteses e condições de trabalho em domingos.

Sem dúvida, tende a ser bom para o empresário abrir quando bem entender e dar folga ao funcionário, conforme o soprar dos ventos do mercado; igualmente serve bem ao consumidor, que não precisa de planejamento semanal para encontrar tudo aberto e prontinho para si.

Mas a definição legal do dia da semana preferencial para folga não é só o “ao gosto do freguês”. Há valores outros e mais importantes. Família, interação cultural e cumprimento de obrigações religiosas são os mais óbvios para termos decidido, há séculos, incorporar dia certo em nossas comunidades para folgar do trabalho. Se a mãe de família tiver folga na terça, seu marido na quinta e os filhos deixarem de ir à escola no domingo, como ficam as convivências sociais e familiares?

Trabalhar define o homem, mas não o limita. Além de profissionais, homens e mulheres ocupam seus lugares na sociedade como integrantes de famílias, seres culturais e crentes religiosos. Como animais gregários, é apenas com nossos pares que encontramos a completude de nossos papeis. Se o domingo está sendo bem aproveitado, vale uma olhadinha para o lado. Há mais gente responsável por isso.

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